A Física Maçônica






Uma Analogia entre a Física e nossa Ordem


Podemos definir a Física como a ciência que estuda as leis do universo (Cosmo) e as relações e interações entre matéria e energia, seus constituintes fundamentais.
Por outro lado, nossa Ordem lança mão de simbologias e alegorias para propiciar a evolução do Homem (Microcosmo) e do meio em que vive (Macrocosmo).
Então vejamos o resultado de uma breve e sintética analogia entre a Ciência Física e a Filosofia Maçônica.
Antes de qualquer consideração, peço a reflexão dos Irmãos sobre as transcrições abaixo:

Sobre a Inércia

“A matéria repousa inerte, coisa apta a tudo, tendendo à estagnação se alguém não a colocar em movimento”. (Sêneca - 4 a.C)
“Todo corpo continua em seu estado de repouso, ou de movimento uniforme, em uma linha reta, a menos que seja obrigado a mudar este estado por forças impressas sobre ele”. (Isaac Newton - 1687 d.C)

Sobre o Trabalho

Quando uma força constante F age sobre um objeto enquanto ele se desloca de uma distância d, dizemos que a força realizou um trabalho”. [1] (Halliday, Resnick e Walter - Fundamentos da Física – Vol.01 – 4ª edição)

Sobre a Energia

Uma grandeza, manifesta sob diversas formas (elétrica, eólica, mecânica, cinética, atômica etc), que pode ser convertida de um tipo em outro, bem como em trabalho.
Agora examinemos alguns excertos de nossos ensinamentos:

Ritual do Aprendiz Maçom – REAA - GLESP – Edição 2012.

O número dois (...) representa: o Bem e o Mal; a Verdade e a Falsidade; a Luz e as Trevas; a Inércia e o Movimento; enfim, todos os princípios antagônicos e adversos”. (grifei)
O homem nasceu para o trabalho e todo Maçom deve trabalhar incessantemente para a descoberta da Verdade e para o aperfeiçoamento da humanidade”. (grifei)
 Possuindo Coração e Inteligência, mas não tendo Vontade nem Energia, o homem será uma criatura mole, de caráter passivo, que embora não faça mal a ninguém e nutra belas aspirações e elevado ideal, jamais chegará a realiza-lo, por faltar-lhe a energia; será, em suma, um inútil”. (grifei)

Percebam, meus Irmãos, a relação natural entre trabalho, inércia e energia. Certamente estas relações merecem atenção de uma fraternidade que herdou conhecimentos simbólicos ligados à construção de catedrais. Imaginem a motivação (energia) necessária aos Obreiros Operativos para o duro desbastar (trabalho) das Pedras Brutas. Imaginem quanto conhecimento físico era, teórica ou intuitivamente empregado no erguimento das colunas, na distribuição perfeita de forças e cargas através de uma “pedra-chave”[2] justa e perfeita (Sabedoria do V:.M:.), a fim de que a Obra permanecesse erguida, sólida (Força do 1º Vig:.) e bela (Beleza do 2º Vig) através dos tempos.

Para que um corpo abandone seu estado de repouso (Inércia) é necessário que, sobre ele atue uma força. Para que um corpo realize trabalho é necessário que esta força produza um deslocamento. E este trabalho nada mais é que energia.

Nossa Ordem possui uma grande Energia Potencial, ou seja, capacidade armazenada para realização de trabalho e, para vencer a Inércia, necessita da aplicação de forças tanto internas (seus Obreiros) quanto externas (Motivações da Sociedade). Mas, examinando mais de perto estas relações de força, podemos afirmar que as Motivações da Sociedade, afetam prioritariamente os membros da Ordem, para, posteriormente, provocarem efeitos na Maçonaria como um todo.

Isto posto, fica claro que as forças potencialmente geradoras de mudanças na Ordem chegam através de seus membros, as “sementes da romã”. Por conseguinte, se cada um de nós carrega uma parcela desta valiosa energia potencial da Maçonaria e se, para realizar trabalho, precisamos de uma força que nos tire da inércia e produza movimento. De onde pode vir esta força?

Novamente nos deparamos com duas opções: Forças Internas e Forças Externas. Ambas convivendo em uma relação de mutualismo[3] e se alimentando de forma recíproca.

A Força interna é a motivação de cada Irmão, a Luz recebida e que precisa ser alimentada e cultivada pela compreensão da ritualística e simbologia, obediência à legislação, valores pessoais, princípios, objetivos, ou seja, é o sentido pessoal que o Irmão atribui à honrosa missão de ter sido aceito nas fileiras da Ordem Maçônica. Resumindo: é a Inspiração Individual.

A Força externa é alimentada pela frequência em Loja, prática da visitação, empatia com objetivos comuns de outros Irmãos, estímulo recebido de sua Loja e de sua Potência, demandas geradas pela Humanidade que jurou ajudar a tornar feliz. Resumindo: é a estimulante sensação de Pertencimento ao Coletivo.

Duas são as principais premissas para produzirmos e mantermos estas forças em ação, quais sejam:
Nós somos Irmãos! – Apesar de parecer óbvio não é simples permitir que esta informação corra em nossas veias. Não é fácil, mas é necessário. É necessário nos sentirmos em um ambiente de ameaça zero. Arriscado? Sim. Impossível? Não. O bem-estar em Loja é diretamente proporcional à sensação de segurança que emana nos Irmãos. Somos, antes de Irmãos, humanos e o medo da crítica e necessidade de aceitação é natural, mas pode ser paulatinamente substituído pela segurança de se estar trilhando o caminho do equilíbrio construtivo.
Nossa Ordem é Universal – Precisamos, simbolicamente é claro, derrubar as paredes dos Templos e parar com esta competição tácita e vaidosa entre Oficinas. A união, integração e comunicação entre Lojas é um fator extremamente positivo no fortalecimento da Ordem, fomento às visitações e formação de grupos com aspirações e objetivos semelhantes. Muitas frentes de trabalho não recebem esta energia dos Irmãos por pura falta de divulgação.

Maçonaria, meus Irmãos, é uma prática eminentemente coletiva e cooperativa! Para que nossa Ordem volte a produzir os feitos do passado (sobre os quais hoje, infelizmente, dormimos) precisamos nos dar as mãos! Trabalhar em rede e sermos multiplicadores de motivação, fontes geradoras e receptoras de energia. Esta energia precisa fluir, pois tudo flui e a estagnação é a morte.
É fato que não podemos injustamente generalizar. Há belíssimos exemplos de trabalho Maçônico efetivo, produtivo e verdadeiramente estimulante, mas, ainda tímidos em relação ao imenso potencial energético-realizador de nossa Ordem.

Finalizo com as seguintes propostas:

Que tal pararmos de transferir a responsabilidade da atual Inércia da Maçonaria frente à crise moral de nossa sociedade para a Instituição?
Que tal assumirmos nossa fundamental parcela de energia a ser doada no trabalho de construção de uma humanidade feliz?

A Maçonaria, meus Irmãos, sou eu, são vocês, somos todos nós.
Átomos constituintes deste Universo Maçônico e que, para a vitória sobre a Inércia, necessitam estar unidos pela energia do amor fraternal e focados no nobre trabalho de lapidação de nossas Pedras Brutas pessoais, focados na construção Justa e Perfeita da Grande Obra.


[1] Um trabalho realizado equivale a um montante de energia, logo a unidade de trabalho é Joule.
[2] A Pedra-Chave era a junção final dos arcos de pedra ogivais. Seu entalhe perfeito garantia a estabilidade da Obra e era objeto de segredo o Ofício dos Mestres Construtores.
[3] (eco) associação entre dois seres vivos, na qual ambos são beneficiados, resultando freq. em dependência mútua. (jur) sistema que se baseia na entidade mútua, na contribuição de todos para benefício individual de cada um dos contribuintes.

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Mario Vasconcelos

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