SEMENTES DA RAZÃO - A Saga Simbólica de um Pedreiro Livre




A obra Sementes da Razão não é apenas um romance. É um tecido de simbologia a ser desvendado a cada parágrafo. Não é a toa que a definimos como a Saga Simbólica de Pedreiros Livres. 

A todo estudioso de pensamento livre e de bons costumes, ou seja, que busca erigir seu Templo pessoal esta obra tem muito a oferecer. Ao longo de sua envolvente trama somos levados a ponderar sobre o poder de três grandes forças do mundo: A Fé, a Razão e o Destino.

Qual delas define o caminho do homem sobre a Terra? Ou seria enfim uma conjugação harmônica desta tríade? Tire suas próprias conclusões. 

O Irmão Celso Abrahão, nesta magnífica obra, nos leva a trilhar o caminho de um Pedreiro Livre e acompanhar suas escolhas e, principalmente, as consequências destas.

Vale salientar que, por força da meticulosa e dedicada pesquisa a que se debruçou o autor, encontramos, ao longo do texto, não apenas ficção sedimentada em inteligentes e bem colocadas construções simbólicas, mas conhecimento. Detalhes históricos e peculiaridades geográficas ou estudados ou mesmo vivenciados in loco pelo autor.

Exemplificando, a grande falésia de Beach Head, locação de uma das passagens do primeiro capítulo, não só existe na Inglaterra, como é um local onde, com muita frequência, infelizmente, pessoas tiram a própria vida.


Falésia de Beach Head - Inglaterra

A própria imersão do autor na belíssima Catedral de Notre Dame de Reims é a prova máxima da quase indissociável composição entre ficção e realidade, realizada com Maestria pelo Irmão Celso Abrahão.

Catedral de Notre Dame de Reims

Mas não desejo me aprofundar mais em detalhes deste livro singular sob o risco de antecipar informações e privar os Irmãos e Amigos da degustação deste passeio literário.

Isto posto, recomendo fortemente a leitura deste romance que tanto satisfaz ao leitor não iniciado na Arte Real como ao membros de nossa Ordem. Certamente que estes terão mais condições de perceber as mensagens ocultas nas entrelinhas e interpretar os significados à luz de suas próprias convicções e bagagem cognitiva e Maçônica.

Caso enxerguem valor neste conteúdo e desejem acompanhar a narração dos capítulos, inscreva-se no Canal Universo Numérico (link abaixo).

Abaixo compartilhamos também os títulos dos capítulos da obra e o link para cada um deles, à medida em que forem sendo publicados.

Desejo-lhes uma boa leitura/audição, meus Irmãos. No final deste artigo há também o link para compra do livro físico (bela edição em capa dura) caso seja do vosso interesse.


A IRRESISTÍVEL E VELOZ VONTADE DE JULGAR



 


Para interagirmos com este mundo em que vivemos, nos fazemos valer de nossos sentidos e é impressionante como estes sentidos nos iludem, ou seja, a mesma informação chega para dois ou mais receptores de formas diferentes.

Se entrevistarmos duas testemunhas de um mesmo acidente é muito provável que cada um o descreva de modo diverso. E isto ocorre por múltiplos fatores, a base cognitiva (somos portadores de mananciais diversos de conhecimento), a acurácia destes sentidos (uns enxergam, ou vem ou sentem melhor ou pior), formação cultural e seus respectivos valores, enfim, há uma enormidade de fatores que entram nesta equação.

Isto posto, se não temos absoluta certeza de como o mundo nos chega aos sentidos, imaginem tentar enxergar pelos olhos de terceiros!

Quando avaliamos a ação de uma pessoa estamos (inconscientemente) tentando "calçar o sapato" do outro para perceber onde lhe doem os calos. Mas convenhamos que trata-se de uma tarefa que beira o impossível.

Por isso, nós que (em tese) fomos instruídos ao longo desta maravilhosa estrada da Arte Real, temos a obrigação de, minimamente, tentar compreender e acolher, antes de julgar e condenar.

Mas, infelizmente, esta não é uma preocupação generalizada.

Com rapidez vemos dedos em riste se erguendo para apontar este ou aquele comportamento de Irmãos em nossas Oficinas. Facilmente se ouve: "O Irmão X não vem mais à Loja!", "O irmão Y não se compromete!", O Irmão Z está com suas mensalidades em atraso!".

É fato que a legislação está aí, disponível para ser usada (desde que conhecida). É um outro problema a conveniência de deixar estes conhecimentos somente sob a responsabilidade dos titulares dos cargos (mas esse tema é para outro momento).

Mais que Igualdade, a sabedoria que vem do alto carece de aplicar um tratamento equânime. Nas palavras de Aristóteles:

"Tratar iguais de forma igual e desiguais de forma desigual na medida de suas desigualdades"

A figura abaixo ilustra perfeitamente a grande diferença entre estes conceitos que, não raro, são confundidos pelo senso comum.


Os Irmãos poderiam, com propriedade, alegar que a igualdade consta de nossa famosa tríade, mas eu tomo a liberdade de lembrá-los que esta não é a única tríade utilizada em nossa universal fraternidade. Por exemplo a tríade de origem anglo-saxã é "Amor Fraternal, Socorro e Verdade". Ou seja, há outras sutilezas envolvidas em questões como as citadas além da seca e dura aplicação da letra da lei.

Nossa legislação oferece à Loja todos os meios disponíveis para que problemas de inadimplência financeira, inassiduidade e outras posturas indesejáveis à Loja sejam saneados, mas há um passo muito importante e anterior a esta fase do processo de se eliminar um Irmão ou condená-lo sumariamente pelas opiniões e comentários, muitas das vezes tecidos na ausência daquele ou de forma genérica.

Há uma função de uma importância e nobreza ímpar. Uma função que deve, necessariamente, ser conferida a um Irmão experiente, pois é das funções mais delicadas da Loja. Falo do Irmão Hospitaleiro.

Este oficial da Loja é aquele que vai ao encontro do Irmão objeto de julgamento de seus pares. O Hospitaleiro, com tato, zelo e os mais puros gestos de acolhimento e fraternidade é que irá procurar aquele Irmão, ofertar apoio, ouvi-lo e, muitas vezes, desvelar caminhos possíveis e benéficos não só para aquele Irmão como para a Loja.

Por isso é muito, mas muito importante que este cargo seja prestigiado e ocupado por um Irmão experiente e com boas habilidades de relacionamento interpessoal e inteligência emocional.

Reflitamos, meus Irmãos! Quando apontamos um dedo para alguém, temos três voltados para nós. 

Procuremos deixar sempre aflorar o hospitaleiro que deve morar em nossos corações e conter o precipitado juiz (e por vezes carrasco) que se arvora em enumerar falhas, muitas vezes sem efetivamente colaborar para a lapidação das arestas.

Antes de julgar, ouça!

Antes de condenar, acolha!




FIAT LUX !!!!

 


Nesta minha caminhada que não é tão longa quanto à de tantos valorosos Irmãos (apenas 15 anos de Ordem), é a primeira vez que vejo tanta preocupação, manifesta em tantas Potências e Orientes diversos, com o problema SERÍSSIMO da Evasão em nossos quadros.

Se o problema já era sensível antes da pandemia global, com sua chegada, tornou-se uma fratura exposta, um elefante rosa sentado na sala que só não vê quem realmente está a preocupar-se somente com os torrões de açúcar em sua xícara de chá.

Mas estas manifestações aqui e acolá, ocorrendo com cada vez mais frequência, são para nós um motivo de alegria, de ESPERANÇA. Um sinal de que olhos estão se abrindo. Corações e mentes efetivamente preocupados com a sobrevivência de nossa Augusta Fraternidade estão vibrando em uníssono, entrando em ressonância e se reconhecendo mutuamente.

Olhamos uns para os outros e dizemos: "Ei, meu Irmão! Você está vendo onde podemos parar se nada fizermos?"

Ouvi de um Irmão uma frase que achei perfeita:


"Mudar é difícil, mas não mudar é fatal!"


É exatamente isso, meus queridos Irmãos! Mudar, sairmos de nossa zona de conforto, reavaliarmos nossa atuação enquanto instituição secular e cheia de realizações no passado, olharmos para nossa atuação no presente, tudo isso pode trazer desconforto para muitos. É difícil, mas é fundamental!

E aos que se desconfortam com esta análise, alegrem-se! Pois isto é um sinal de que ainda há tempo para vocês, digo, para nós. O que é entristecedor (e altamente preocupante) é perceber os que não sentem desconforto algum com o status quo.

Nossos iniciados PRECISAM ser melhor esclarecidos sobre o que encontrarão após a iniciação. É uma questão de simples franqueza! Mais que isso: de coragem! É a primeira demonstração de  honestidade para com o candidato a integrar nossas fileiras!

Ao padrinho cabe o dever de mostrar a vida maçônica como ela é! Chega deste discurso de que não se pode falar nada ao candidato antes de iniciar! Como assim?!!! É justamente o inverso!! Há que se esclarecer, de forma madura e verdadeira, que o caminho é árduo! Que exige sacrifício e convicção nos seus propósitos! Que a Iniciação é um renascer simbólico para uma nova postura de vida, para um novo olhar sobre o mundo e sobre seu papel nele.  

Fundamental alertar o candidato que a Maçonaria não é clube de benefícios mútuos. Deve ser, antes, uma congregação de homens que gozam (em tese) de confiança mutua e devem se ajudar naquilo que for justo e que não prejudique terceiros!

Imprescindível esclarecer o proposto que a Maçonaria não é entidade beneficente. Deve ser, antes, um espaço onde há oportunidade para ajudarmos, sim, aos necessitados, mas sem manutenção de dependência, sem dar apenas o peixe, mas providenciando o ensino da pesca. Colocar a mão no bolso e ajudar com metais é, sem dúvida, um ato nobre, mas a grandeza da Ordem não pode ser reduzida apenas à filantropia. Para isso existem outra valorosas e nobilíssimas instituições que têm como missão esta tarefa.

Importante alertá-lo de que o que ele encontrará, no caminho da Arte Real, são seres humanos reais e, como tal, falíveis. Que ele encontrará maus exemplos, decepções, incongruências, paradoxos, egos vitaminados de vaidade, comportamentos absurdos, mas encontrará também ombros amigos, braços acolhedores, mãos que ajudam a nos levantarmos e a aprendermos, exemplos a serem seguidos, companheirismo nos momentos de alegria e dor e, principalmente, encontrará ferramentas que o ajudarão a melhorar enquanto ser humano e a melhorar a sociedade na qual ele vive.

Mas isso é apenas se ele quiser, se tiver isso como propósito.

Sendo francos sobre o que ele irá encontrar o candidato será recebido em nosso seio mais fortalecido e preparado para o que o aguarda, ciente das batalhas que terá de enfrentar e suficientemente determinado a vencê-las. 

Assim evitaremos um sentimento que é a raiz da evasão maçônica:

a decepção.



Crédito da imagem: Photo by Ante Hamersmit on Unsplash


 

QUÃO BOM É...





Ontem, último dia do ano de 2021, estava eu tentando prolongar o meu limitado tempo neste plano, ou seja, praticando uma caminhada (rs) e me ocorreu, em meio às reflexões naturais de quem caminha, fazer um balanço do que a Maçonaria agregou à minha vida nestes 14 anos de caminhada. 

De repente me dei conta de como o Mario profano era diferente do Mario de hoje! 

Quanta coisa aprendi e continuo aprendendo e tentando melhorar nestes curtos mas significativos anos!

Aprendi, por exemplo, o valor de saber falar de forma o mais correta e clara possível, respeitando a riqueza e beleza de nossa Língua Pátria, sem ser prolixo. Adequando os tipos de fala ao interlocutor. Aprendi isso entre Colunas!!! Observando, meus Irmãos! E quando digo "Aprendi", por favor, entendam! Não significa que dominei! Apenas que a importância desta capacidade brilhou aos meus olhos.

Aprendi o valor de identificar o momento de calar, mesmo quando pensamos ter a razão a nosso favor. Digo "Pensamos" pois é só isso! Uma suposição. A razão só emerge após um positivo e fraterno processo dialético. E isto é algo que também  se vai lapidando ao longo do tempo, com a prática. Calçar o sapato do outro, olhar pelos olhos do outro é tarefa que penso ser impossível! Mas a simples boa vontade de tentar já é um enorme passo em direção à convivência fraternal.

Com o tempo (e não sem grande esforço) vamos ponderando e aprendendo a identificar os momentos nos quais o embate argumentativo é imprescindível e as situações em que recuar é a melhor postura. Sem menosprezar o interlocutor, mas há situações em que um bem maior é colocado em risco: a relação fraternal. Quantas famílias têm se desagregado por falta de capacidade dialética?! Quantas relações entre Irmãos têm se enfraquecido ou até mesmo rompido pela atmosfera polarizada e intolerante dos tempos atuais?!

Então, o aprendizado de saber calar é ainda mais importante e prioritário que o de saber falar. Quando muito se divulgam cursos de Oratória, nossa vida tem exigido muito a capacidade "Escutatória".

Por óbvio que o poder de comunicar também está (e sempre esteve) em alta. Se o poeta diz que "A Vida é a Arte do Encontro", que ferramenta (das muitas que nos ensinam a retirar do avental) mais fundamental não é a linguagem e o seu domínio? Seja em uma comunicação, a priori,  unidirecional como esta que vos oferto, seja em uma interação sobre qualquer tema. 

Outra habilidade que a Prática Maçônica tem me ajudado a aperfeiçoar é a Etiqueta Maçônica que, analisando etimologicamente, seria a "Pequena Ética". No curso das relações com nossos Irmãos fui constatando como faz diferença, como é bom termos e recebermos pequenos gestos de zelo e atenção. Um contado que se retorna rapidamente, uma ajuda que se presta com agilidade e dedicação, uma ligação para saber se o Irmão está bem, ou seja, pequenos gestos que fazem muita diferença.

Etiqueta Maçônica vai muito além do que as regras ritualísticas de tratamento. Ela transcende os Manuais Ritualísticos. Ela mora no coração, na preocupação em fazer o Irmão se sentir bem ao fazer contato conosco.

Acho que as relações pessoais no mundo profano às vezes mostram-se muito hostis. Vivemos com os nervos à flor da pele e, pelas tensões do dia a dia, às vezes não temos a necessária e desejável paciência e cuidado no trato pessoal. Então que sentimento bom é receber uma atenção especial de um Irmão! O acolhimento de nossa Universal Família Maçônica é um alento para o coração, um jato de energia para a alma!

Então, fazendo esta autoanálise, percebi como estes gestos de carinho fraternal traduzem, na verdade, respeito ao próximo e este próximo ganha um brilho ainda mais especial quando trata-se de um Irmão, um parceiro na caminhada por esta maravilhosa estrada que é a Arte Real.

Na verdade uma Loja Maçônica é, efetiva ou potencialmente, uma maravilhosa Escola! Uma escola de Líderes! Percebam, meus Irmãos, na diversidade de cargos e dinâmica de Loja, as inúmeras possibilidades de nos aprimorarmos no campo da administração, comunicação, relacionamento interpessoal, exercício da tolerância e humildade, habilidade na delegação de tarefas ou trabalho colaborativo, sensibilidade no trato de situações delicadas etc.

Como não visualizar estas potencialidades à nossa disposição?! Isso sem falar na capacidade de adaptação às mudanças que o meio naturalmente nos apresenta. 

Quantos Irmãos, por exemplo, que pouca familiaridade tinham com a informática ou ferramentas de comunicação, se descobriram usufruindo dos recursos que as Palestras Online ofereceram, por força do isolamento ao qual nos vimos obrigados nos últimos dois anos?!

E não para por aí! A necessidade de nossa Ordem se reinventar está, cada vez mais, como que em um processo de evolução natural, nos trazendo novas capacidades e habilidades.

Mas, voltando ao balanço inicial que me propus a fazer, acho que, em resumo, o que mais aprendi a valorizar nestes anos de Maçonaria foi o bom e salutar convívio, os Laços de Fraternidade e tudo que concorre para o seu fortalecimento.

Nenhum gesto é insignificante, nenhum tempo é mal empregado quando o investimos no cuidado, no zelo para com nossos Irmãos. Seguimos aprendendo sempre e tentado melhorar cada vez mais esta capacidade. Talvez nos esforçando para aplicar efetivamente, um dos grandes ensinamentos do Mestre Nazareno:


"Amai ao próximo como a si mesmo"


Um Tríplice e Fraternal Abraço, meus queridos Irmãos, e que este primeiro dia do novo ciclo solar, neste ano que promete ser difícil e desafiador, nos aproxime ainda mais da união, do amor fraternal e, principalmente, da lembrança constante do valor de nossa Irmandade.






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Mario Vasconcelos

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Ouse buscar o conhecimento pelos seus próprios meios. Duvide. Questione sempre. Você será o único a desfrutar (ou sofrer) quando descobrir sua própria verdade.