Não perca tempo com Maçonaria!

 






Calma, meus Irmãos! Vamos com calma!
Preciso, certamente, explicar o título deste artigo e é o que faço doravante.

Mas antes, voltemos um pouco no tempo. 

Convido-o a retroceder àquele primeiro dia na Ordem, àquele tão singular e especial recinto e a um objeto em particular: a Ampulheta.

Este símbolo universal do curso inexorável e implacável do tempo, nos lembra, desde aquele tão especial e primeiro dia de caminhada na Arte Real, que recebemos uma quantia limitada de existência sobre este plano terrestre e que, por mais que desejemos, esta quantia é certa e improrrogável. Só não temos consciência do montante de segundos que nos foi confiado. Esta informação foge ao nosso domínio cognitivo.

Mas nossa Augusta Ordem, ainda mais preocupada com seus membros, nos confere outra ferramenta simbólica justamente para bem dosarmos a utilização destes "grãos de tempo", a Régua de 24 Polegadas que, se usada com sabedoria, nos trará contentamento em todas as áreas de nossa vida, não só Maçônica, mas principalmente Profana.

No entanto a reflexão que suscitamos com a frase título desta peça é justamente o convite a um autoexame de consciência: Por qual motivo eu sou maçom atualmente? Será que estou empregando de forma Justa e Perfeita o meu tempo de vida no lapidar da Pedra Bruta? Vale realmente a pena abrir mão do convívio familiar, do aconchego do lar, para colocar um terno, gravata e estar aqui? Se o ser humano é movido por propósitos e por uma eterna avaliação da relação custo/benefício entre escolhas e consequências então qual vantagem eu levo nesta atividade? 

Saliente-se que o Trabalho Maçônico é muito mais que um voluntariado. Aqui nós pagamos para nos melhorarmos e tornarmos feliz a humanidade. Mais que regras de um serviço voluntário, entre o Esquadro e o Compasso, temos compromissos fundamentados na honra. Nos submetemos a compromissos por vezes severos e que nos exigem múltiplos sacrifícios pessoais, familiares e outros. Tudo isso em prol de um ideal, de um PROPÓSITO.

É será mesmo isso que estou fazendo? Tenho um real e definido propósito em ser maçom? E (muito importante) estou trabalhando em direção a este propósito? Ou estou habituado e confortável com a rotina semanal e o bem estar que me faz estar entre os Irmãos? 

A Mitologia Grega, mais especificamente a Odisseia (Homérica), nos traz um interessante relato sobre a Ilha dos Lotófagos, um lugar no qual seus habitantes, inebriados pelos efeitos encantados e prazerosos provocados pelo consumo do Lótus, simplesmente não se davam conta da passagem do tempo e o que, para eles, eram dias, na verdade consumia meses ou anos.

A prática maçônica não refletida, planejada e constantemente avaliada, meus Irmãos, nos converte também em lotófagos e nos submerge em uma rotina de iniciações, elevações, exaltações e tantas outras rotinas que acabam por consumir todo o ano maçônico. Quando nos damos conta, já estamos nas novas eleições e tudo recomeça. Esta rotina não necessariamente é negativa. Faz parte do trabalho, mas um "algo mais" se faz necessário para que consigamos ver prosperar o propósito de tornar feliz a humanidade. 

Mas voltemos ao foco desta peça que não é o planejamento administrativo. Este tema (não menos importante) fica para outro momento.

O tema para o qual peço a atenção dos queridos Irmãos é a importância da contínua reflexão sobre o bom uso de nosso tempo pessoal. Não perca tempo com Maçonaria! Ela não foi criada para fazê-lo assistir, estático, o giro dos ponteiros do seu relógio. 

Na verdade a Maçonaria é uma riquíssima oportunidade, uma dádiva, uma bênção ou como queiram chamar, mas os que aqui estão têm a chance de operar verdadeira transmutação. Transformando o "homem de chumbo" em "homem de ouro", visitando o interior da terra e retificando encontrar a pedra filosofal!  

Parafraseando a essência de Mario Quintana poderia formular a seguinte máxima: 

"A Maçonaria não muda o mundo. 
Ela muda o homem e o homem é que muda o mundo".


Meu Irmão, se buscas na Ordem o calor da Fraternidade, o abraço amigo, a companhia agradável e revigorante de seus Irmãos; se isso lhe confere a força necessária para enfrentar as agruras da vida com coragem, resiliência e serenidade, SIM!, você não está perdendo tempo!

Se buscas fazer o bem sem olhar a quem, contribuir para minorar a dor do outro, sentir-se parte na luta pela erradicação do sofrimento alheio nas diversas formas que este se apresenta, SIM!, você não está perdendo tempo!

Se buscas cultura, conhecimento e, generosamente, tencionas compartilhar estes bens intelectuais com seus Irmãos a fim de que eles se multipliquem e frutifiquem, SIM!, você não está perdendo tempo!

Se pretendes trazer melhorias ao meio social em que vives, amparado na ética e na vontade de ver crescer a sua "Polis", se buscas aprimorar-se como Líder-Servidor e Construtor Social , SIM! você não está perdendo tempo!

Se sua intenção é amplificar sua capacidade de relacionamento interpessoal, lapidando-se como favor de concórdia e harmonia entre os seus, se queres aprender a tratar desde o mais humilde até o mais nobre com a mesma bondade e dignidade, SIM!, você não está perdendo tempo!

E não pretendemos de modo algum sermos exaustivos nestes exemplos. Não conseguiríamos tamanha é a riqueza de possibilidade e caminhos a trilhar em nossa Maçonaria (basta motivação e boa vontade).

Seja qual for o seu propósito, querido Irmão, mantenha a sua chama acesa! Siga em frente, mesmo com quedas e tropeços. Há braços suficientes nesta Ordem para o amparar.

Porém, se investigas a sua própria alma e não encontras uma motivação para a nobre prática da Arte real talvez esteja na hora de conversar, meu Irmão! Hora de trocar ideias com seu Padrinho ou com qualquer Irmão que te seja mais próximo. Talvez ainda haja uma solução.

Infelizmente muitos valorosos Irmãos abandonam as nossas fileiras por simples falta de conhecimento das possibilidades de trabalho na Ordem. É triste a constatação de que, por falta de comunicação em algumas Oficinas, muitos Mestres desconhecem importantes iniciativas que a Maçonaria promove ou apoia e, se não conhecem, como partilhar ou auxiliar outros Irmãos em momentos de dúvida ou incerteza sobre seus objetivos?

Mas não podemos também retirar do próprio Irmão desmotivado a responsabilidade em pesquisar, buscar e procurar saber das ações e iniciativas Maçônicas que se harmonizem com seu perfil ou propósito. Somos todos homens, líderes e formadores de opinião. Não podemos esperar que alguém nos pegue sempre pela mão. A formação do Maçom é um processo cuja responsabilidade é compartilhada entre o neófito e sua Oficina.

A felicidade é um dos objetivos da prática maçônica. Urge que, neste caminho que nos convidaram a trilhar, os momentos felizes e agradáveis sejam sempre mais numerosos que os infelizes ou aborrecidos.
Se a equação está invertida é preciso refletir com urgência.

Não perca tempo!

Cada segundo que deixamos de empregar com sabedoria, cada abraço não dado nos que nos são caros, cada momento empregado com real significado para nós, pode fazer muita falta ao nos depararmos com as portas do Oriente Eterno.

Finalizo com suas passagens que considero adequadas às nossas considerações: uma pagã e outra Cristã.

"Uma vida não refletida não vale a pena ser vivida" (Sócrates)

"Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção de sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer a liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia que o faça com alegria."  (Romanos 12:6-8)









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Mario Vasconcelos

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Ouse buscar o conhecimento pelos seus próprios meios. Duvide. Questione sempre. Você será o único a desfrutar (ou sofrer) quando descobrir sua própria verdade.