ONDE NASCE A MOTIVAÇÃO ?

 

Quando iniciamos nossa caminhada na Arte Real, nos deparamos com uma questão que será o pilar de sustentação de todo o percurso até que as portas do Oriente Eterno se abram para nós, qual seja: Que vindes fazer aqui?

Importante salientar que, se temos a oportunidade de nos questionarmos desta forma, é um sinal de que estamos em um estágio já mais privilegiado da sociedade.

Segundo Maslow e sua famosa pirâmide (Figura 01), todos temos uma hierarquia de necessidades a atender. Primeiramente as necessidades mais imediatas são as fisiológicas por questões óbvias. São aquelas que, se não atendidas, nos levam rapidamente a óbito. Dentre elas estão a alimentação.

Atendidas estas estamos em condições de buscar segurança para nós e para aqueles que nos são caros. Isto implica em moradia digna, por exemplo.


Figura 01 – Pirâmide de Maslow

A partir do momento em que temos onde comer e morar com segurança, vem-nos a necessidade de pertencimento e aí está o patamar da “Afiliação”. O Homem, enquanto  animal político e social, sente a necessidade de integrar um grupo no qual se sinta aceito e onde possa interagir. Daí vem a busca por grupos de estudo, religiões, partidos políticos, associações etc.

Integrando uma coletividade e como parte desta aceitação ele precisa ser bem-quisto. A sensação de que se é bem-vindo por boa parte ou a maioria de um grupo é, sem dúvida, agradável. Por vezes um indivíduo conquista uma posição de liderança ou destaque em um grupo, mas não necessariamente a estima deste grupo. Há um algo a mais, uma espécie de tempero das relações e que nos faz sentir o verdadeiro significado da expressão “Calor Humano”.

Particularmente aposto em dois elementos principais: empatia e altruísmo.

A empatia aproxima os corações, ombreia os sentimentos, nos faz chegar o mais próximo possível de “calçar o sapato do outro”. É um irmanar-se nas alegrias e tristezas, uma fraternal solidariedade e boa vontade na tentativa de olhar o mundo por outros olhos e compreender visões deste mundo e seus sentimentos intrínsecos.

O altruísmo nos move a trabalharmos pelo bem do outro e da nossa coletividade. É aquela sensação boa e aconchegante que sentimos quando ajudamos, de alguma forma, direta ou indiretamente, uma pessoa ou grupo de pessoas.

No topo desta pirâmide que, lembramos, é apenas um modelo não representando a verdade absoluta, está a autorrealização que, sem dúvida, é um conceito altamente variável entre as pessoas, mas que parece envolver a descoberta de um sentido para o existir, ou seja, a motivação pessoal para a vida, aquela chama que nos move ou, em simbologia que nos é mais familiar, aquela estrela que arde e brilha.

Esta busca, genuinamente, não é da Verdade, pois, é altamente questionável se há uma Verdade última. Esta busca é de tranquilidade de alma, serenidade no caminhar pela vida. É a busca de eliminarmos as angústias e dúvidas que, eventualmente, podem afligir nossas mentes naquelas tardes quentes e chuvosas de domingo ou em qualquer momento em que nos perguntamos: “Que vindes fazer aqui?”.

Isto posto fica claro e justificado que, ao nos fazermos este questionamento, já escalamos vários degraus da citada pirâmide. Claro também deve ser que seus patamares não são estanques na vida real. Eles se mesclam e interpenetram e cada um sabe onde está nesta classificação apontada por esta abstração do pensamento.

Imaginem um pai de família, com um envelope de currículos embaixo do braço, percorrendo, angustiado, inúmeras empresas, em busca de seu sustento e lembrando de sua família para a qual precisa prover sustento. Imagine se este pai irá, geralmente, fazer-se este tipo de questionamento. Ou se seu questionamento e todas as suas energias e pensamentos não estarão voltados para a solução de seus problemas fundamentais, postados na base da pirâmide.

Então, meus Irmãos, para que o Trabalho Maçônico se realize, para que tenhamos realmente motivação e orgulho de fazermos parte desta Fraternidade; para que possamos visualizar sentido na prática maçônica; para que a sociedade sinta os efeitos deste trabalho e, consequentemente, nós tenhamos também o sentimento acolhedor do dever cumprido; para que nossa Loja seja uma Escola e Eternos e Verdadeiros Aprendizes e, ao mesmo tempo, uma forja de Construtores Sociais, tomamos a liberdade e a ousadia de convida-los a esta reflexão: Onde nasce a sua motivação? Onde ela se realimenta? Como manter a chama acesa e fulgurante?

Permitam-me compartilhar com os Irmãos a reflexão que me vem sobre estas fundamentais questões.

Primeiramente precisamos mirar o espelho do autoconhecimento e, com sinceridade profunda, nos perguntarmos: o que vim buscar na Maçonaria quando aqui iniciei? Encontrei o que procurava? Tive minhas expectativas atendidas? Se não, o que falta? Falta em mim? Ou falta fora de mim?

Posso, a partir de agora, voltar a buscar meus objetivos com energia? A minha Loja é um ambiente propício para esta busca? Se não, pode vir a ser? No que meus Irmãos podem me ajudar nesta busca e nesta reconciliação com minhas convicções e anseios? No que eu posso ajudá-los também?

Talvez este seja o primeiro passo. Conversa franca, aberta, despida de vaidades ou temores. Para sermos confiáveis, precisamos confiar. Vale a pena confiar no próximo. Certamente teremos uma ou outra decepção, mas a confiança chama confiança e, sem dúvida, o número de vezes que o investimento no outro trará positividade é muito grande.

Se conseguimos uma necessária paz de espírito e mantemos nossa estrela brilhante, isto surtirá efeitos, mais cedo ou mais tarde, em nossa Oficina, a Boa Vontade é contagiante e, pelo exemplo e perseverança, corações e mentes irão se aproximar, verdadeiramente se irmanar e a Loja começa a ganhar uma identidade coletiva que lhe permitirá também, em conjunto, fazer a mesma reflexão: Que vim fazer aqui?

A partir daí, ou seja, quando a Loja, coletivamente, visualiza um Objetivo claro, o seu papel na sociedade que se insere também se clarifica e as energias começam a serem canalizadas para um mesmo horizonte. O ideal Maçônico de “Tornar Feliz a Humanidade” começa a ficar nítido nas mentes dos Irmãos e isto gera mais e mais energia e sentido para a Prática Maçônica.

Por fim, uma sociedade melhor fará com que o Irmão tenha mais e mais bem-estar pessoal e o círculo virtuoso se fecha e se realimenta.

Juntos somos mais.

Que o Grande Arquiteto do Universo a todos ilumine, meus Irmãos.

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Mario Vasconcelos

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Ouse buscar o conhecimento pelos seus próprios meios. Duvide. Questione sempre. Você será o único a desfrutar (ou sofrer) quando descobrir sua própria verdade.