A CADEIA DE UNIÃO




O QUE É A CADEIA DE UNIÃO?


“Consiste na formação de um círculo com os membros regulares e ativos da Loj:. com finalidades administrativas ou mesmo de intenções fraternais por Irmãos, familiares e todos que necessitem destas boas energias"

FINALIDADE

Este momento tão especial da tradição Maçônica visa estreitar os laços de fraternidade, harmonizar os espíritos e gerar uma poderosa egrégora de conexão com o Divino. Além disso, administrativamente, é o momento da passagem da P:. Sem:. aos Irmãos do Quadro da Loja.

A Cadeia de União também pode ser feita em outras ocasiões, como, por exemplo, o falecimento de um irmão do quadro; restabelecimento de uma atmosfera fraterna após eventuais atritos entre obreiros, durante os trabalhos, etc .

O V:. M:. Escolhe uma palavra diferente da Semestral, mas alusiva ao motivo da realização da Cadeia de União e, após um breve comentário, os irmãos meditam sobre esta palavra. Desta maneira o V:.M:. orienta a Cadeia de união para a sua finalidade predeterminada. 

COMPOSIÇÃO

Os Manuais prescrevem a composição básica e detalhes a serem observados na Cadeia de União, e sua formação básica não é, em absoluto, aleatória, pode-se visualizar, nela, a estrela de seis pontas ou “Selo de Salomão”. 

O V:.M:. e os dois Vigilantes, que dirigem a loja, formam o triângulo ascendente. O Orad:., o Secr:. e o M:. CC:., que “organizam” a Loja, formam o triângulo descendente. (Vide figura abaixo)




Em algumas potências o M:.CC:. é substituído pelo G:.T:., ladeado ainda pelos diáconos. Os demais irmãos completam a Cadeia.

A IMPORTÂNCIA DO RITO

Plantageneta (em sua obra: Causeries em Loge d’Apprenti) tece o seguinte comentário sobre o tema:

“A Cadeia de União” é uma tradição que se encontra ao mesmo tempo nas Associações de Operários e na Maçonaria. Ela consiste em formar uma cadeia, dando-se mutuamente as mãos, depois de cruzados os braços. Na maioria da Potências, forma-se a Cadeia de União no final dos trabalhos. O Neófito é convidado, desde sua admissão a formar um elo dessa cadeia.
Além de expressar a universalidade da Ordem e lembrar o caráter global da família maçônica, a Cadeia de união também aproxima efetivamente todos os corações, ao mesmo tempo que reanima nas consciências o sentimento de solidariedade que nos une e a interdependência que nos liga. Esta cerimônia parece preparar de um modo feliz o ambiente propício para fazer do encerramento dos trabalhos algo mais que uma simples formalidade.
Algumas oficinas, desprezando o valor ritual e “mágico” da Cadeia de União, só as formam duas vezes por ano para a comunicação das palavras semestrais.”


Marius Lepage (no livro: Le Symbolisme) expôs excelentemente os princípios essenciais que fazem da Cadeia de União algo mais que um simples gesto sem importância. Ele escreve:

“Os ritos, entre outras funções essenciais, unem o visível ao invisível. Eles constituem o elo fluídico que une o corpo maçônico, constituído pelo espírito maçônico que se desprende das lojas materiais. Não deve, portanto, constituir causa de admiração ver esse espírito retirar-se pouco a pouco das Lojas onde ninguém o possui mais. (...) As mãos continuam entrelaçadas, mas o espírito não se comove mais com o valor e as repercussões do ato realizado. No entanto, de todos os Ritos, a Cadeia de União é, talvez, o mais importante, tanto do ponto de vista oculto quanto do ponto de vista simbólico. E todo Venerável que se preocupa com a prosperidade material e moral de sua Loja não deveria deixar de repetir essa verdadeira “invocação” a cada assembléia.”
“O princípio da Cadeia de União deve ser provavelmente procurado na “teoria do ponto ou sinal de apoio”. Toda vontade que quer se manifestar no mundo material tem necessidade de um intermediário, que seja ao mesmo tempo uma sólida base de partida. Cria-se um ponto fixo onde se possa tomar apoio; estabelece-se aí sua bateria psicodinâmica; e, desse ponto, escolhido como centro, fazer brilhar através do mundo a luz astral, fortalecida por uma vontade nitidamente definida e formulada.”

Ao mesmo tempo criadora e receptiva, a Cadeia de União representa junto ao Maçom o duplo papel de escudo protetor e de aparelho receptor de influências benéficas. Daí a importância de mantermos nossas melhores intenções quando integrando este poderoso círculo. 

Não devemos levar para a Cadeia, rancores, mágoas, raiva  ou qualquer  sentimento negativo acerca de um ou mais irmãos. 

Como verdadeiros irmãos temos a chance de, ainda na sala dos passos perdidos, nos aproximarmos deste irmão e procurarmos a concórdia, abrirmos nossos corações e eliminarmos todas essas energias daninhas, exercendo assim a verdadeira e sincera fraternidade.

Joules Boucher, complementa:

“Algumas questões de ordem ritual podem ser colocadas quanto à formação da cadeia de união. Por que cruzar os braços sobre o peito, e não dar-se as mãos, simplesmente, como crianças brincando de roda? Nosso modo de proceder, aproximando os corpos e comprimindo o peito, parece facilitar a concentração de vontade necessária à elaboração de uma Cadeia eficaz.” Além disso, o cruzar dos braços sobre o peito restringe a respiração, obrigando a um mais “curto” e, portanto, mais rápido, ritmo respiratório, acelerando o fluxo sanguíneo.

“A Cadeia de União é um laço fluídico que une os participantes do espírito maçônico. Mas para que a Cadeia seja válida é preciso que cada membro, cada elo se concentre , dê toda a sua potência; o mais forte dos membros pode assim comunicar uma pulsação nova e é por isso que o Venerável começa e fecha a Cadeia.” (Aslan)

“É aqui que se manifesta em toda a sua força, diz Marius Lepage, o papel unificador do Venerável, daquele que dirige a Oficina, da qual é a emanação e a síntese. Entre ele e os irmãos, estabelece-se uma dupla corrente, e suas forças são decuplicadas para, depois serem usadas da melhor forma, segundo os interesses espirituais da Ordem em geral e dos membros da Loja em particular.”

Vejamos o que nos diz P. Bayard a esse respeito:
“Se os adeptos, elos vivos, vibram no mesmo ritmo da Cadeia de União, se eles se tornam irmãos pelo pensamento, quer dizer homens nos quais passará a mesma corrente e a mesma forma de espírito, se eles se encontram, então a ação psíquica da assembléia será benéfica. Mas é preciso vibrar dentro do mesmo ideal, é preciso dar-se e crer intensamente. O Ritual tem por meta harmonizar estas forças, de permitir uma concentração em direção a um mesmo objetivo, de encher o fosso que poderia existir entre o interior e o exterior.“

“Quando alguém reza sozinho e, dependendo de seu credo, junta suas mãos, fecha seu próprio circuito e limita a si mesmo o escoamento do seu fluido. Mas, depois dessa concentração pessoal, ligando-se a outras energias, partilha da força cósmica. Por este ato mágico liga-se o visível ao invisível e muitas vezes, na Cadeia de União, são evocados os que não estão mais aqui, os que nos deixaram.” (Aslan)

A DINÂMICA DO RITO

Durante a formação da Cadeia de União, três etapas devem ficar bem claras para os seus integrantes, quais sejam:
A primeira delas é o momento da união dos calcanhares e das pontas dos pés reproduzindo a orla dentada. 

A segunda etapa é o entrecruzar de braços e o toque das mãos. Vale salientar que as mãos devem estar nuas (sem luvas) para facilitar o fluxo da energia através deste poderoso círculo.

Lembrem-se, meus irmãos: “A mão direita não sabe o que a esquerda faz”. Essa máxima nos remete à importante virtude da humildade e discrição maçônicas na prática da filantropia e do bem de modo geral. E a posição dos braços entrecruzados traz, simbolicamente, esta mensagem.

A terceira etapa consiste na união das mentes no contato imaterial e na concentração em torno da P:.Sem ou do tema principal da Cadeia de União. 

Esses três planos, dois físicos e um não-físico, permitem a conexão matéria-espírito e constituem o portal de manifestação da vontade mental e espiritual sobre o mundo material.

CONSIDERAÇÕES FINAIS


Meus amados irmãos, é sempre uma enorme satisfação, poder, tecer alguns comentários sobre este momento tão especial e significativo de nossa ritualística. 

Riquíssima em significados, a Cadeia de União é uma prática muito importante que tem de ser cultivada com fervor em nossas oficinas como, dentre outras coisas, uma importante ferramenta para manutenção dos laços fraternos em nossa Augusta Ordem e da manutenção e fortalecimento de nossa egrégora.

Este poderoso Rito será tanto mais valorizado quanto mais pudermos conhecer suas particularidades e seu belo simbolismo. Esse foi o objetivo deste singelo trabalho, exortá-los à reflexão e ao estudo para que o momento de nos reunirmos na Cadeia de União seja vivido em toda sua potencialidade.

Finalizando, quero partilhar com os Irmãos o belo texto abaixo, de autoria do Ir:. Antônio Carlos Rocca, Loja Nove de Julho, Oriente de São Paulo.


ORAÇÃO EM UNIÃO

A cadeia de união está formada
Este é o corpo de nossa ordem

Ligado pelas nossas mãos e pés.
É a nossa força e saúde.

Este corpo tem alma,
Esta alma é a fraternidade,

A maior beleza e sabedoria da M:.
E aqui estamos de corpo e alma

Para evocar e rogar ao G:.A:.D:.U:.,
Suprema sabedoria e a nossa segurança,

Que Ilumine nossos caminhos para
Facilitar a transposição dos obstáculos,
Apesar de sabermos que são as Dificuldades e os meios
Para nossa evolução.

Que Abençoe nossos lares,
Encaminhe nossos filhos e netos para o bem.

Que Nos proteja.

Que Alivie o sofrimento de nossos enfermos.

Que encha nosso coração de amor e de esperança

Que Amplie a felicidade, a alegria e o bom humor em nossas vidas.

E que a paz esteja conosco.

BIBLIOGRAFIA


ASLAN, Nicola. Comentários ao Ritual de Aprendiz: Vade-Mecum Iniciático. Vol II. Londrina: Editora Maçônica “ATROLHA”, 1995 

BOUCHER, Jules. A SIMBÓLICA MAÇÔNICA. São Paulo: Pensamento, 1997 

CAMINO, Rizzardo Da. A CADEIA DE UNIÃO E SEUS ELOS. São Paulo: Madras, 2006

COSTA, Wagner Veneziani. MAÇONARIA: Escola de Mistérios: A Antiga Tradição e Seus Símbolos. São Paulo: Madras, 2006 

GLESP. Revista “A Verdade”. São Paulo. Set/out 2003

GLESP. Ritual do Simbolismo: APRENDIZ MAÇON – REAA. São Paulo, 2007

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Mario Vasconcelos

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Ouse buscar o conhecimento pelos seus próprios meios. Duvide. Questione sempre. Você será o único a desfrutar (ou sofrer) quando descobrir sua própria verdade.